A MINHA DE...PRESSÃO!!!

Quando sento para escrever, peço à Deus que me ajude à dizer o que quero.
Muitas vezes sentimos o peso da mão...hoje é um dia assim.
Vou contar como fiquei doente.

Meu médico diz que a depressão pode estar relacionada a diversos fatores. Para ajudar na apresentação do meu caso, encontrei um artigo acessível aos leigos escrito pelo do Dr. Drauzio Varella (retirado do site oficial).
Vou falar de mim através do que ele diz...assim, fica bem mais estruturada a compreensão e os fatos da doença.
VOU FALAR COMO PACIENTE...PORTANTO, MEUS COMENTÁRIOS SÃO DE ALGUÉM QUE SOFREU OS SINTOMAS DA DOENÇA...NÃO EXPRESSO QUALQUER TRABALHO ACADÊMICO OU PROFISSIONAL.
É EXCLUSIVAMENTE MEU RELATO PESSOAL!!!

...Para caracterizar o diagnóstico de depressão, foi criada a tabela abaixo.
Nela, cinco ou mais dos sintomas relacionados devem estar presentes.
Dentre eles, um é obrigatório: estado deprimido ou falta de motivação para as tarefas diárias, há pelo menos duas semanas.

Critérios para diagnóstico de depressão (Segundo o DSM-IV, Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4ª edição).

• Estado deprimido: sentir-se deprimido a maior parte do tempo;
• Anedônia: interesse diminuído ou perda de prazer para realizar as atividades de rotina;
• Sensação de inutilidade ou culpa excessiva;
• Dificuldade de concentração: habilidade freqüentemente diminuída para pensar e concentrar-se;
• Fadiga ou perda de energia;
• Distúrbios do sono: insônia ou hipersônia praticamente diárias;
• Problemas psicomotores: agitação ou retardo psicomotor;
• Perda ou ganho significativo de peso, na ausência de regime alimentar;
• Idéias recorrentes de morte ou suicídio....

Acabo de perceber que um artigo só não vai ser suficiente...a coisa é mais complexa. Vamos começar pela que está dito lá em cima.

"estado deprimido ou falta de motivação para as tarefas diárias, há pelo menos duas semanas"

Quando fui diagnosticado, estava doente havia muito tempo. Não consigo precisar.
Vivia com uma sobrecarga de trabalho enorme. A pressão era muito intensa e isso durou alguns anos...com poucos períodos de abrandamento.
Lembro bem quando recorri ao livro do plano de saúde. Tive receio de falar. 
Num determinado dia, com sintomas de angústia mortais, peguei aquele guia na minha mesa de trabalho e liguei para um psiquiatra. Não me recordo se falei sobre este fato com alguém. Lembro, sim, de ter procurado meu diretor para dizer que estava meio 'derrotado'.

NOTA: Um dos sintomas que sinto até hoje é de memória. Tenho dificuldade de relacionar com precisão tempo e acontecimentos.

Senti medo, mas não aguentava mais passar mal. Sabia que precisava de ajuda.
Este fato se deu mais de um ano antes da crise aguda. Portanto, no meu caso, estive doente por muito tempo antes de chegar ao médico que me tratou.
Você consegue imaginar o estrago que podemos causar quando ficamos doentes, sem tratamento adequado, levando (ou tentando levar) uma vida regular???
É trágico!!!
Com este primeiro médico, tive enormes problemas. Faltou confiança.
Ele me receitou remédios pesados; um monte de tarjas coloridas. Estes remédios são dinamites orgânicas. O período de adaptação a composição química e dosagem fazem qualquer um sofrer...MUITO. São sintomas de horror, por isso a necessidade de vigília ao paciente.
Num domingo - primeiros dias do tratamento - precisei de orientação médica.
Os remédios estavam me impedindo de respirar normalmente e minha pressão havia disparado. Não consegui falar com o médico. Imagine o desespero. Acabei indo à um hospital particular em Copacabana com medo de um infarto...

Voltei à clínica na segunda-feira para a seção de terapia. Fiquei um lixo!!!
Quando deixei o prédio, era noite.
Lembro de ter vagado como um sonâmbulo pelas ruas do Leblon.
ESTAVA TOTALMENTE PERDIDO. SABIA QUE PRECISAVA DE AJUDA, MAS NAQUELE DIA VI QUE - SEM PARAR COMPLETAMENTE QUALQUER ATIVIDADE - SERIA IMPOSSÍVEL ENFRENTAR A ADAPTAÇÃO AOS REMÉDIOS.

Certo que não podia parar, joguei os remédios fora e voltei feroz a minha rotina de rivotril e demais grupos de remédios do nipe.
Trabalhava, me entupia de todos os remédios e ainda usava a 'famosa bebida alcoólica social'. Cervejas e chopps com amigos de trabalho.
O que eles não sabiam é que além dos chopps eu tomava uma montanha de 'drogas lícitas'.
Volto amanhã....