Critérios para diagnóstico de depressão (Segundo o DSM-IV, Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4ª edição).
1. ESTADO DEPRIMIDO: sentir-se deprimido a maior parte do tempo; Ok
2. ANEDÔNIA: interesse diminuído ou perda de prazer para realizar as atividades de rotina; Ok
3. SENSAÇÃO DE INUTILIDADE ou CULPA EXCESSIVA; Ok
4. DIFICULDADE DE CONCENTRAÇÃO: habilidade freqüentemente diminuída para pensar e concentrar-se; Ok
5. FADIGA ou PERDA DE ENERGIA; Ok
De tudo que estou relatando, o que mais dor provoca é saber o quanto sua doença afeta pessoas ao seu lado.
Se quebramos um braço...nossos queridos ficam tristes. Sabem que vamos ter sofrimentos e ficam solidários.
A depressão é diferente.
Eles sofrem...muitas vezes até mais que você. E isso doí...
Hoje sei que poderia ter sido evitado, na intensidade que aconteceu, se soubesse o que está relatado aqui. Tive condições de buscar tratamento...tinha um trabalho e jamais foi minha opção ficar doente.
Poderia ter usado o que estava disponível para me tratar.
Tinha emprego fixo, plano de saúde e as garantias conferidas pela assistência social do contrato de trabalho. E mais do que tudo, tinha muito mais saúde.
Esperar a condição de semi-morto para buscar ajuda é um GRAVE ERRO.
SE VOCÊ ESTÁ AQUI...E PODE SENTIR ALGO SEMELHANTE, NÃO ESPERE.
Se hoje pontuo em todos os itens da avaliação proposta pelo Dr. Draúzio, é porque fui irresponsável...comigo e com quem dependia de mim.
Devia ter parado TUDO para me tratar.
Hoje acredito que uma internação clínica de limpeza orgânica - duas semanas - e mais o tratamento continuado, poderiam ter me reabilitado em 60 dias. Poderia ter voltado a uma vida regrada, mas voltado. Não precisava ter passado por tanto sofrimento.
Respeito e acato o Plano de Deus...e se teve que ser assim, então...mas fica o sofrimento dos nossos amados...e isso doí...DOÍ MUITO!!!
6. DISTÚRBIOS DO SONO: insônia ou hipersônia praticamente diárias;
Insônia tive antes...nos momentos em que estive muito doente, só queria dormir. Já disse, sentia um cansaço brutal e pensava em dormir acordado...e acho que até dormindo!!!
Vivia para dormir...e dormia para manter-me vivo. Estar acordado era horrível. Acordado, pensava. E os pensamentos eram espinhos...cravados na cabeça e coração. Então, dormir é uma forma de escapar do sofrimento. Até nisso a sabedoria da vida é enorme...melhor um vivo apagado na cama...que um potencial suícida acordado!!!
7. PROBLEMAS PSICOMOTORES: agitação ou retardo psicomotor;
No meu caso, havia muito retardo. Meu pensamento era lento...eu era lento. Só havia alguma mudança, quando provocada.
Café ou alguma outra ação externa que provocasse agitação.
Há uma oscilação entre um estado e outro. Sem estímulo, torpor e sonolência. Com estímulo, agitação. Paz e tranquilidade, nunca.
Vive-se, a maior parte do tempo, com o motor ligado, em giro muito baixo. Ou o extremo oposto, andando a 70 km por hora, na primeira marcha...com o motor gritando.
Lembre-se...PAZ, NUNCA!!!
8. PERDA OU GANHO SIGNIFICATIVO DE PESO, NA AUSÊNCIA DE REGIME ALIMENTAR;
Perdi muito peso, nada que me colocasse naquela categoria das pessoas que olham você como se estivesse com 'AIDS'. Mas perdi peso.
O desejo por comida é nulo. Comia sem qualquer regra.
Para falar francamente, nem sei o que comia. Lembro bem do café...esse sim, direto.
E lembro do estímulo por doces...provavelmente pela euforia do açúcar.
De resto, nehum registro.
9. IDÉIAS RECORRENTES DE MORTE OU SUICÍDO.
Vamos ao item mais difícil.
Me lembro de ouvir esta pergunta do meu médico. Acho que fui evasivo...o que, provavelmente, deve ser o padrão das pessoas no meu estado. NÃO SEI...
O que hoje sei é que meu estímulo para viver era baixo.
Em alguns momentos, pensava no meu enterro...acho que influenciado por um livro que faz você pensar em quem estaria no seu enterro.
Pensava no meu enterro e como seria percebida minha vida.
Pensava na tristeza do meu filho e da minha mulher.
Tenho episódios em que pensei em morrer.
Se estou sendo fiel, acho até que pensava em métodos. Ficava mais vunerável quando via alguma coisa que pudesse me remeter ao tema.
Lembro agora que escrevi cartas mentais...narrava minha despedida e falava dos meus desejos. Lembro de pedir que meus poemas fossem publicados...acho que era a única coisa da minha vida que poderia ter valor.
Cheguei até a pensar em gravar vídeos para meu filho.
Só talvez...mas com alguma chance de ser verdade...um grande amigo médico havia se matado anos antes. O filho era jovem. Aquilo me perturbava um monte. Ficava achando uma covardia com a criança.
Falar disso cria muita confusão mental...estou frio e com as mãos suadas.
Devo ter pensado muitas vezes...mas hoje, com minha fé em Deus restaurada, sei que teria sido um grande erro...e uma tremenda perda para meu filho e mulher.
Penso nos amigos e parentes, mas nada supera a dor da sua mulher e filho.
MEU AMOR PELOS DOIS SÓ PODE SER ESTABELECIDO USANDO A MÉTRICA DO MEU FILHO.
ELE ME PERGUNTAVA: PAPAI, VOCÊ ME AMA DAQUI ATÉ A LUA? OU VOCÊ ME AMA DAQUI ATÉ O SOL?
PAPAI, VOCÊ ME AMA ATÉ O INFINITO??? RESPONDE PAPAI???
voce tem que saber que sua familia te ama e que sente/sentiu muito sua falta.
ResponderExcluirporque ficar evocando/relembrando esta fase que foi ruim para todos?
pense que voce esta bem agora, sob tratamento, gracas a Deus e que so vai melhorar mais e mais
que Deus te abencoe sempre
beijao
mamuska