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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Tudo é novo...

Voltei para casa, no Recreio, sabendo que tudo ia mudar.
Precisava dar UM tempo AO TEMPO.
Era uma vida nova...e queria que tudo desse certo.
O desejo de mudar é fundamental...mas a montanha é alta. Subimos no ritmo que é possível. Esqueça 'ritmo desejável'. Logo descobrimos, com a primeira semana de medicação, que o desejável está no dicionário dos outros. Não é mais parte das páginas da sua vida.

Se você entende este fato no início do jogo, tudo fica menos duro.
Prefiro nem falar o que acontece quando não se entende...eu só penso no positivo...e sabia que ia dar certo.

Quem sai do prisão das drogas precisa de tempo. As dosagens dos meus remédios eram fortes. O médico falou cuidadosamente do que fazer no período de adaptação. O que podia - e o que era melhor não ser feito.
Lembro de um grande 'advice': fique o mais guardado de convívios desnecessários nestas primeiras semanas. Poupe-se de encontros e situação que provoquem emoções. Proteja-se.
Tomava os remédios com disciplina chinesa.
No terceiro dia, já tendo experimentado os efeitos das primeiras 48 horas, entendi o recado do médico. Se você não agarrar Deus pela bata é muito difícil seguir.
É muito 'punk' o que sentimos. De náuseas, frios e dores de cabeça, até muito sono. 
É tudo muito...só não sentimos desejo por sexo e comida.

Luciana cuidava da medicação com todo zelo possível. Acha que tinha medo de eu extrapolar em alguma coisa. Minha mãe e meu irmão ligavam direto. Só não me lembro da reação do meu filho.
Sei que ele dormia comigo algumas vezes. 
Cortei o álcool e não tomava nada além do que havia sido prescrito. Até dor de cabeça eu ligava para o médico preocupado com o que tomar.

Fui aconselhado a não ler a bula. Não sei se li à época. Hoje, já li e reli centenas de vezes. É o mapa dos horrores. Bulas são escritas para proteger laboratórios de processos, por isso, lemos as maiores barbaridades. Hoje mantenho a bula à mão, para voltar a ler sobre os efeitos dos remédios.
Em uma semana, estava melhor adaptado.
Tinha certeza que precisava do tratamento e assumi os riscos de abraçar O PACOTE COMPLETO.
Sabia que Deus estava abençoando cada novo dia...e sabia que precisaria estar com ele na mente, todo o tempo que pudesse. Lia a biblia sem parar e, muitas vezes, adormecia com ela aberta sobre o peito.
Aquelas palavras e a força de Jesus entravam no meu corpo junto com os remédios.

Uma dose de remédio; uma dose de Jesus.
Uma dose de remédio; uma dose de esperança.
Uma dose de remédio; uma dose da amor.
Uma dose de remédio; uma dose de esperança.

Escrito na receita, via as letras do médico e as letras de Jesus...adotei as duas.

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