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DIVA (by Marco Mussi) |
Conheci minha mulher ainda bem jovem, na adolescência.
Convivíamos num grupo que se formou a partir da reunião na casa de uma amiga comum.
Aquela reunião deu vida a um grupo que criaria raízes.
Juntando todas as pontas, éramos uns trinta.
Jovens bem alimentados, com testosterona e hormônios produzidos em regime de industrialização frenético, podíamos engravidar o ar...
Uma turma só de jovens sempre abusa da sua juventude!!!
É 'desnecessário' no mundo racional, mas plenamente necessário no mundo animal.
O adolescente precisa da aventura e do destemor para suprir a tribo.
Ainda vivemos assim.
Formamos bandos para caçar.
Definimos ações e atacamos.
Dos saltos e mergulhos na natureza do 'tudo podemos', os adolescentes definem seus caminhos.
Meu amor nasceu em outro momento.
Admirava a postura da minha mulher nas reuniões do nosso grupo, mas nenhum rubor de paixão dos mares do sul me atacou naquela época.
Nenhuma paixão sem pudor.
Olhava os movimentos, sorrisos e gestos e admirava...em silêncio.
Tínhamos uma amizade diferente do padrão. Havia carinho, sem devaneio.
Posso dizer que quase fomos amigos!!!
Em 1987 voltei de uma viagem de sete meses na Alemanha. Foi em setembro. Tinha 24 anos. Cheguei bem 'piano'. Nada de alvoroço. Falei apenas com alguns amigos.
Passados dois ou três dias, um amigo me convidou para um final de semana na serra.
Ia acompanhado da namorada e disse que havia convidado a Luciana.
- Tecão, vamo lá, pô...vai ser maneiro...
Achei aquele convite estranho, mas pensei que seria divertido estarmos juntos.
Estava 'low profile' e o programa se encaixava bem no meu estado de espírito.
Como previsto, foi um final de semana esplêndido!!! Hospitalidade 5 estrelas.
Come-se e bebe-se muito bem nesta casa. Estava um friozinho de serra, o que aproximava a todos. A casa é muito agradável, com múltiplos espaços de reunião.
Ora na sala; ora na mesa de jantar; algumas vezes na sala de vídeo; outras na sauna; e assim fomos ficando mais próximos.
Meus olhos e coração adormecidos tiveram alguns piques de emoção.
Lembro bem dela sentada ao meu lado - assistindo um vídeo - e eu saindo do corpo para olhar a cena.
Cheguei a pensar: mas não é que formamos um casal simpático!!!
Ela sempre cordata e discreta.
Eu preso aos pensamentos da viagem...e minha recém chegada.
Vez ou outra, seu sorriso e perfume me pegavam distraído. Ria saborosamente...
No domingo, tínhamos que voltar. Era o hábito.
Como não tinha compromissos, meu amigo perguntou se queríamos passar uma noite a mais naquela paz celestial.
Luciana e eu concordamos de pronto, pois tínhamos engrenado um ritmo de conversa super agradável.
A turma partiu...e lá ficamos nós. SOZINHOS!!!
Dormiamos em quartos separados, obviamente.
Ficamos papeando ao sabor do calor da lareira. Era tarde quando nos despedimos PARA DORMIR.
A fumaça da lareira havia me estragado. Tive uma bruta asma. Sentia falta de ar. Além disso, acho que os banhos gelados de piscina haviam me gripado.
No quarto sozinho, numa casa enorme, me senti impelido a pedir socorro.
Bati no quarto da Luciana. Perguntei se ela estava dormindo.
Sem voz de que havia acordado, disse que não.
- Posso entrar...estou com uma asma brutal!!!
Na porta do quarto, Luciana diz que me viu de travesseiro na mão, caixa de lenço de papel e todo enfurnado numa montanha de roupas.
Tranquilão - na maior cara de pau - olhei pra ela e disse: Posso dormir aqui???
Rimos da cena até hoje.
É lógico que nada rolou...mas foi muito inusitado.
Em todos nossos anos de relacionamento, minha mulher sabe que aquele dia foi decisivo. Aquele cara entrando no quarto daquele jeito...era o prenúncio de uma vida repleta do inusitado. E como sempre, Deus mandou um aviso, mas....
Três semanas depois estavávamos 'in love'. Saímos quase todos os dias. Eram encontros ultra agradáveis. Voltava para casa feliz e leve. Acho que até meio saltitante.
Olhava o céu da noite e via um tom rosa pastel...
Ontem sai com dois grandes amigos, ambos padrinhos do nosso casamento.
Gostam 'um monte' da 'Lú', assim como todos meus amigos.
Como é do 'script', falamos de tudo...e também das nossas vidas 'conjugais'.
Contei estórias que eles não viveram conosco...e eles as deles. Faziam alguns anos que não estávamos juntos.
No meio da noite, os dois me olharam e viram meus olhos brilhando.
Percebi que tinham pescado 'o clima'.
Meio sem jeito, confessei: 'é que ainda sou apaixonado pela minha mulher'....
E'muito linda esta declaração aqui, e esta história de amor. Da para "sentir" isso conhecendo vocês, em um dia só eu percebi isso muito bem. E não é bom só para vocês, mas também para os amigos e as pessoas que conhecem vocês, pois mostra que isso existe. Sim...falei isso mesmo. Tem horas que a gente, seja por experiencias próprias, seja por muitas em volta, para de acreditar que seja possivel!!
ResponderExcluirEntão...obrigada.
Meus beijos são para este lindo casal!
ops...um para o AP também!!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirDeborah,
ResponderExcluirHá uma condição para amar; querer.
Muita gente diz que quer, mas não sabe o que é amar para construir. É amor fugaz...passageiro.
Um amor de vida é construído como um prédio.
Vai sendo erguido todos os dias.
Obrigado.